Quem os viu, quem os vê

Os diplomatas brasileiros da minha geração conviveram com os governos militar. Alguns foram cassados e, felizmente, voltaram às fileiras do MRE, ao término da ditatura, após alguns processos que se arrastaram por décadas. Cheguei a acompanhar a via crucis dos que me eram mais chegados. Poucos, um ou dois, que eu me lembre, exoneraram-se, negando-se a trabalhar em regime de exceção. A maioria, apolítica e apartidária, como, ademais, os diplomatas lúcidos, da minha época, o eram (só me filiei a partido político após a aposentadoria), tocou a vida e consolou-se com a ideia de que representavam o país e não governos. No meu caso específico, trabalhei próximo aos donos do poder, sobretudo, a partir de 1970, quando desembarquei em Brasília para participar dos preparativos da inauguração e instalação definitiva do Palácio do Itamaraty.

Ao assistir ontem à entrevista do General Mourão, candidato a vice-presidente da chapa de Jair Bolsonaro, devo dizer, sem desmerecer os militares que conheci durante o regime que instauraram, mentalidades tensas e moldadas pelo momento muito especial na vida do país e da caserna, que o período em que as forças armadas se afastaram do poder foi extremamente benéfico para a corporação. Apesar de limitações inerentes à sua formação, modernizaram-se, articularam-se, pensam e agem fora da caixa e, sinceramente, relacionam-se melhor com os eleitores e a imprensa do que os civis. São sinceros, transparentes, evitam fazer promessas que sabem não poder cumprir etc. O mesmo vale para o General Augusto Heleno, o interventor no Rio de Janeiro, General Walter Souza Braga, dois coronéis, hoje jovens Generais, com os quais tive a honra de contar, como Adidos Militares, e muitos outros.

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