Televisão x internet

As próximas eleições, mais do que uma disputa entre os 13 candidatos, será uma queda-de-braço entre a televisão e a internet, como meios de propagação das campanhas eleitorais e de aliciamento de eleitores (o termo se justifica, tendo em vista o indiciamento de alguns candidatos). Com efeito, trata-se do confronto entre a tradicional exposição televisiva dos concorrentes com o inegável poder de propagação digital imediata, ao vivo e viral de seus defeitos, qualidades, rejeições, apoios, ideias ou da ausência das mesmas. As opiniões se dividem e há um considerável número de analistas que acreditam na caducidade da tevê, considerando inúteis os esforços de políticos convencionais que celebraram coligações fisiológicas, em busca de um maior tempo de exibição nos telerreceptores.

Por outro lado, é lamentável que a internet seja utilizada como veículo de fraudes como as “fake news”, publicações de robôs (“bots”), de perfis falsos e de internautas remunerados por partidos políticos para veicular encômios a seus candidatos ou vitupérios a seus rivais. Com efeito, segundo apuração realizada, até 27 de agosto último, dos totais de seguidores no Twitter, 46% eram falsos, no caso de Alvaro Dias, 32 %, no de Alckmin, 31 %, no de Marina Silva, e 12%, no de Ciro Gomes. Quanto aos demais candidatos, Lula e Bolsonaro incluídos, os percentuais atingiram 5 e 4%, com exceção dos que não foram investigados ou não pontuaram (João Amoêdo, Cabo Daciolo, João Vicente Goulart, José Maria Eymael e Vera Lúcia). Ademais, os batalhões de “fakes” e “bots” foram reduzidos significativamente, nos últimos três meses, tendo em vista o temor dos candidatos de serem desmascarados. Quanto a Alvaro Dias e Geraldo Alckmin, os percentuais chegaram a bater em 64% e 46%, respectivamente.

Vale mencionar, ainda, os recentes escândalos protagonizados pelo responsável pela campanha digital de Alckmin, Marcelo Vitorino, que contratou claque virtual por um salário de R$ 2.000,00; pelo PT, cujo estratagema foi exposto pela jornalista Paula Holanda, ao se negar a tecer elogios encomendados ao candidato do PT ao governo do Piauí, Wellington Dias, depois de ter feito postagens favoráveis a Gleisi Hoffmann e a Luiz Marinho, candidato ao governo de São Paulo, e ter levado um cano do partido, e, finalmente, por Germano Johansson e Leonardo Bijos ligados à coordenação da campanha de Ciro Gomes, que elaboraram um “menu de autoatendimento” a quem interagisse com o “Todos com Ciro”, que era gerenciado por um robô.

Contudo, o embate entre televisão e internet resumir-se-á ao confronto entre os exércitos de Alckmin e Bolsonaro, o primeiro com seus indecentes 5 minutos e 32 segundos de exposição, em oposição aos minguados 8 segundos do segundo, enquanto a campanha virtual do capitão registrou, em 18 de julho último, 5,38 milhões de seguidores, contra os 929,2 mil do tucano. Lamentavelmente, a avaliação final da eficácia dos referidos meios será prejudicada pelo inaceitável atentado a Bolsonaro que lhe proporcionou, de imediato, maior veiculação na telinha do que o atribuído a Alckmin. A vitória da internet seria, antes de mais nada, uma vitória sobre o fisiologismo e a presidência de cooptação reeditados pelas coligações realizadas pelo candidato do PSDB, a fim de abocanhar 44% do tempo de tv.

As informações e dados contidos neste texto podem ser facilmente confirmados em sites de pesquisa e nos principais meios de comunicação.

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