Os Eleitores – Perfis

Muito se falou e se fala dos candidatos à presidência da república, mas, sobre eles, muito pode ser captado e induzido através do comportamento de seus eleitores.  Com efeito, QUASE TUDO é permitido e tolerável em defesa do seu candidato.  O candidato de cada um responde aos anseios, temores, angústias e paranoias de cada um. A mãe preocupada com a saúde, a educação e a segurança dos filhos;  o pai de família ansioso por melhorar a qualidade de vida dos seus; o empresário pendente de leis transparentes para dar continuidade a seus negócios e investimentos; o trabalhador em busca de salários dignos, do sonho da casa própria, do carro na garagem e uma minoria, felizmente, apenas interessada em manter e ampliar as benesses de esquemas de corrupção ou simplesmente adepta ao princípio masoquista do “me engana que eu gosto!”

Poucos pensam, efetivamente, no melhor para o país. É natural.  Se a maioria tem suas necessidades satisfeitas, a nação vai bem. Espera-se, assim, do candidato, a solução de todos os problemas nacionais e pessoais e sua escolha pode ser racional ou irracional, caso em que a opção se transforma em mero fanatismo. A defesa, por sua vez, oscila do “paz e amor”, inspirados pela primeira eleição faturada pelo Lula, às mais animalescas agressividades, como a que acaba de vitimar Jair Bolsonaro, às vésperas das eleições, em total inversão das expectativas, ou seja, o suposto carrasco assumiu o papel da suposta vítima.  Nesse contexto, parodiando-se velho ditado, é possível afirmar que “diga-me como defendes teu candidato e te direi quem ele é!”.

Enfim, todos almejam influir na decisão dos demais eleitores, cooptá-los, a fim de garantir a vitória do seu candidato.  Proselitismos na forma de argumentos, de denúncias, de estatísticas que desfavoreçam os adversários, no afã de desqualificá-los, desconstruí-los…QUASE TUDO é válido.  O que me parece inaceitável, no entanto, são os falseamentos, ou seja, a deturpação, a distorção de fatos e dados, com o torpe desígnio de ludibriar a boa-fé alheia.  A prática se resume na antológica declaração de Dilma Rousseff: “Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”, o que, infelizmente, parte significativa do eleitorado parece estar fazendo.

Nas próximas eleições, em uma escala de 1 a 10, onde 1 representa o mínimo e 10 o máximo de falseamentos, três categorias emblemáticas de eleitores se destacam:   na base da coluna, os eleitores de Jair Bolsonaro, cuja sinceridade mais o prejudica do que o ajuda. Contudo, os que o apoiam preferem digerir as “verdades” do candidato, muitas vezes ofensivas, a tragar as mentiras que são servidas, campanha após campanha. Ademais, admitir claramente a existência de qualquer problema é o início da solução. Os mais esclarecidos reconhecem, porém, as falhas do candidato e que ele não é o melhor, mas, ainda assim, empenham seus votos, na esperança de dias mais favoráveis, além dos 13 anos de governos petistas.

Os institutos de pesquisa inventaram, inclusive, a existência de votos não declarados em Bolsonaro, os ditos “envergonhados”.  Ora, se não são declarados, como podem ser sequer intuídos? Creio, outrossim, que outros candidatos são mais dignos de tais votos, sem falar nos que favorecem o predileto do seu coração, declarando preferência em suposto concorrente, menos comprometedor, que não lhe roubará votos. Mas, o bicho-papão das esquerdas é o postulante à vice-presidência na chapa do PSL, o General Hamilton Mourão.  Temem que, caso Bolsonaro, um político mais confiável, que, afinal, está na estrada há trinta anos, seja eleito e repita a tragédia que Tancredo Neves representou, a presidência desabe no quepe do neófito general. Pois bem, debitem seus temores na conta do terrorista de extrema-esquerda, ex-membro do PSOL, dissidência do PT, que lhes fez o desvafor de esfaquear o cabeça de chapa.

Na quinta posição, estariam os eleitores do meão Geraldo Alckmin, que, assim como o candidato, equilibram-se sobre o abismo em corda bamba, ignorando e, pior, negando os envolvimentos do ex-governador de São Paulo e dos políticos que o apoiam com a justiça. A maior qualidade do candidato, para aqueles que o defendem, é a experiência, o que significa pouco em um país que necessita de criatividade, a fim de ser renovado e reescrito. Quanto à sua decantada competência, não passa de um mito. Basta elencar as obras emperradas e inacabadas em São Paulo, detectadas pelo Tribunal de Contas do estado, para dissolvê-la no ar. Enfim, seus eleitores estão tão desnorteados pela performance do candidato que suas intenções de voto são verdadeiras incógnitas. Votarão no híbrido Lullandrade, de acordo com o DNA social-democrata do PSDB ou a mando do emplumado tucano Fernando Henrique Cardoso?

No topo da pirâmide, encarapitam-se os eleitores de Fernando Haddad que tentaram convencer o universo e a eles mesmos que o real candidato era o ex-presidente Lula, reencarnação do Mestre Yoda. Órfãos, após a impugnação inevitável da candidatura do presidiário, seguem escalando mais um “poste” por ele plantado, espécie de pau de sebo, em busca de “um Brasil feliz de novo”.  Escamoteiam o fato de que as burras do estado foram saqueadas pelos companheiros e que o saudosismo ao qual se apegam se baseia em recursos herdados do governo anterior, que foram dilapidados, e nas compras chinesas de soja, ainda nas sementeiras. No que diz respeito à vice-presidência da chapa, se os esquerdistas entram em pânico diante da possibilidade de o país ser comandado pelo General Mourão, imaginem o pavor de cidadãos de bem face à eventualidade de um governo da cândida Manuela d’Ávila, ectoplasma da infeliz Olga Benario!

Quanto aos eleitores de Ciro Gomes, conformam-se com a evidência de que o candidato é simplesmente boquirroto.  Não há nada a fazer! Marina Silva, por sua vez, é sazonal: hiberna nas entressafras eleitorais e, de repente, ressurge como uma fênix!  Seus eleitores a defendem, sobretudo, por ser feminista e verde, uma espécie de Mystique, personagem do Universo Marvel, cuja pele, no entanto, é azul. Finalmente, os que apoiam João Amoêdo são eleitores úteis. Reconhecem que o postulante pelo NOVO é, sem sombra de dúvida, o melhor candidato, mas temem desperdiçar seu voto e, pior, contribuir para a vitória do indesejável.  A opção pelo voto útil é difícil, mas terá de ser feita na hora H. O lema é “não sou Bolsonaro, mas estou Bolsonaro!” Os demais eleitores não pontuaram ou não estão sabendo responder.

Belo Horizonte, 24 de setembro de 2018

 

Os fatos e dados contidos neste texto podem ser facilmente confirmados em sites de pesquisa e nos principais meios de comunicação.

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