Vamos combinar. O PT instalou o clima de radicalismo que vem se alastrando epidemiologicamente pela sociedade brasileira, desde o primeiro governo do ex-presidente Lula. Colocou o extremismo a serviço do seu projeto de perpetuidade no poder, financiado por recursos públicos que, inicialmente, irrigaram a tesouraria do partido e, em seguida, as algibeiras dos companheiros nacionais e internacionais. Ergueu um muro de Berlim entre nós e eles. A exemplo de Mateus (12:30), pregou o “quem não está comigo, está contra mim” e ameaçou a população com os “exércitos” do MST, da CUT, da UNE et caterva, caso a impunidade não lhe fosse garantida. Célebre, enfim, a declaração de Dilma Rousseff: “Nós podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição”!
Pois bem. Eis que, a esta altura do campeonato, surge, envolto em uma névoa uspiana, desvanecedora de contornos, o cientista político José Álvaro Moisés, um dos fundadores do PT, que se afastou do partido em 1989, desgostoso com a atitude obstinada do seu rebento diante da queda do muro acima mencionado, especialista em “democracia brasileira” (exíguo material de pesquisa!). Apesar de detectar timidamente o DNA petista da polarização, apressa-se, “ex cathedra”, a acusar Bolsonaro, nas Páginas Amarelas de conhecido meio de comunicação, de “acirrar o clima de intolerância no Brasil”. Ademais, diante da possibilidade de sua declaração ser interpretada como uma forma de culpar a vítima pelo atentado, admite a inaceitabilidade da facada desferida no Capitão, mas sinaliza “o fato inconteste de que Bolsonaro incita a violência”.
Ora, faça-me o favor! O que esperar de alguém que se propõe a combater a truculência, quiçá praticada contra seus próprios correligionários, a corrupção e o engodo de um partido que nos governou durante 13 anos e nos legou a maior crise econômica, política e moral da história deste país? Talvez o douto cientista pretendesse que Bolsonaro permanecesse acocorado em cima de um muro, vacilante diante dos acontecimentos, como o PSDB, o DEM e demais ditos opositores do PT o fizeram, enquanto éramos saqueados. Radicalismo não se enfrenta com centrões e minutos a mais, indecentemente conquistados, de exposição televisiva. Já não digo fazê-lo com violência, o dente por dente, o olho por olho, mas com mão firme, determinação, exemplo e hombridade (por sinal, um substantivo feminino).