Querida amiga,
Considero-a uma mulher intelectualmente preparada, uma acadêmica, inteligente, viajada, poliglota, mãe de família, responsável e, no que mais me concerne, grande amiga. Imploro que pense no seguinte: por que será que Bolsonaro mantém, em relação ao Haddad, uma diferença de 27 pontos (58 a 31) na preferência dos eleitores com escolaridade de nível superior. Reconhecem que o candidato é culto, um intelectual, um cavalheiro que abre a porta do carro até para feministas e lhes manda flores?
Sei o que você, petista de raiz, está pensando: são todos uns imbecis e eu sou a única certa ao fundir-me ao pífio percentual que apoia o Haddad. Não procede, querida amiga. O Bolsonaro poderia ser o Luciano Huck, o Sílvio Santos, o Tiririca, o Bozo, como os petistas o denominam, mas, para o bem ou para o mal desta Nação, foi o único que soube faturar a maioria do eleitorado do país (57%!) e destampar o grito que o sufocava: “NINGUÉM AGUENTA MAIS!!!”.
O Brasil foi aprisionado, há 14 anos, ou seja, há quase o mesmo tempo de duração da ditadura Vargas, em um “loop” manobrado pelo PT, inclusive com a minha ingênua participação inicial. Parte da população foi conduzida, sob cabresto, a depender dos humores do partido e os demais foram obrigados a visitar e revisitar antros de corrupção, ninhos de incompetência, que arruinaram este país, e presídios improvisados para receber, com alguma dignidade, a elite do seu partido. Cada vez que Haddad visitava Lula em Curitiba, eu o acompanhava, indignado.
Vou agora lhe contar um pequeno segredo. O respeito aos direitos das mulheres, dos negros, dos índios, dos quilombolas, dos homossexuais, das crianças, dos idosos, dos deficientes, dos carentes, pelos quais os governos do PT pouco fez em 14 anos, uma vez que as reivindicações continuam atuais, não depende nem do Coiso, nem do Andrade. Somente a sociedade, que incorporou plena e conscientemente a importância de pautar tais direitos, pode implementá-los, combatendo seus próprios preconceitos e intolerância, resgatando, não o controle social, como prega o PT, mas a moralidade coletiva.