A respeito do romântico reencontro entre os Presidentes da República e o da Câmara dos Deputados (14/05/2020), quando ambos trocaram afabilidades e propósitos de união eterna (Maia, constrangido, recebeu um abraço do Bolsonaro), cumpre lembrar que o pré-colombiano é faca nas costas.
Não lhe interessa ser protagonista de um impedimento contra o Dr. Cloroquina, uma vez que tem mais o que fazer, como aprovar medidas de combate à pandemia, o que lhe garante ibope, fortalecer-se internamente, reagrupar o centrão, disperso pelas verbas do governo adjudicadas a seus líderes encrencados com a justiça, preparar sua sucessão (janeiro de 2021) e preparar-se para concorrer como Vice-Presidente numa chapa PSDB/DEM liderada por João Doria (por sinal, o candidato do establishment, pelo menos até o Moro decidir-se a concorrer) nas eleições de 2022.
Supersticioso, Maia está ciente da “maldição da Dilma”, ou seja, o algoz da “presidenta”, o ex-Deputado Eduardo Cunha, que lhe abriu um processo de impeachment, teve um destino pior do que o da decapitada. Prefere, portanto, contemplar o desenrolar dos acontecimentos e esperar que uma eventual denúncia do Procurador-Geral contra o Presidente da República lhe caia no regaço. Entrementes, uma das suas missões é desativar os votos pró-Bolsonaro do centrão cooptado.
Publicado em 15/05/2020