A social-democracia nasceu na segunda metade do século XIX, na Prússia, atual Alemanha, cujas fronteiras estendiam-se, então, à Europa Oriental, berço de Ferdinand Lasalle (Breslau,1825) que fundou, em 1863, a Associação Geral dos Trabalhadores Alemães, precursora do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD). Contemporâneo e discípulo de Karl Marx, Lasalle rompeu com o mestre por discordar de algumas de suas teses, sobretudo, da revolução do proletariado. Defendia a expansão do socialismo por meios pacíficos e democráticos. Não cabe, assim, sombra de dúvida de que o movimento originou-se à esquerda do espectro ideológico.
Em linhas gerais, a SD preconizou a democratização dos princípios socialistas, através da preservação de direitos inalienáveis como a vida, a liberdade, a propriedade e a busca da felicidade. Na segunda metade do século XX, sobretudo após a revolução russa de 1917, ganhou adeptos na Europa que emergia de violentos conflitos trabalhistas, embriões de vários partidos comunistas, mas não apoiava o estado totalitário implantado na União Soviética. Suas alianças, no entanto, foram principalmente celebradas com as esquerdas, o que lhe reservou, no contínuo direita, centro, esquerda, a posição de centro-esquerda.
No Brasil, o expoente máximo da social-democracia é Fernando Henrique Cardoso, que, em 1988, foi um dos fundadores do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), dissidência do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, atual MDB (lamentável DNA). Com efeito, FHC adotou, em seu governo, várias medidas do cardápio social-democrata, das quais as mais notórias foram a implantação dos Programas Nacional de Renda Mínima vinculada à Educação (Bolsa Escola), Nacional de Renda Mínima vinculada à Saúde (Bolsa Alimentação), de Auxílio-Gás e o Cadastramento Único do Governo Federal.
Tais medidas visavam a promover igualdade social, através de uma efetiva distribuição de renda. Nessas condições, Luiz Inácio Lula da Silva, que sempre manteve estreitos vínculos com a social-democracia alemã e foi visitado na prisão pelo ex-líder do SPD Martin Schulz, não encontrou maiores dificuldades em adotar as pautas econômicas de FHC, inclusive no que diz respeito às controversas (para as esquerdas autênticas) privatizações, unificando e ampliando as mencionadas iniciativas sócio-econômicas. A partir de então, sobretudo porque o ex-presidente Lula venceu duas eleições contra os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin, respectivamente, o PT passou a ser mundialmente considerado o legítimo representante brasileiro da social-democracia, até envolver-se em esquemas de corrupção.
Analistas políticos chegaram, assim, à conclusão de que, na realidade, PT e PSDB não são oponentes, mas meros rivais, que pretendem revezar-se no poder. Afirmam, inclusive, que o caminho do Partido dos Trabalhadores foi desobstruído a partir do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. Nesse contexto, equivoca-se quem considera Geraldo Alckmin um político de direita e que os golpes desferidos contra o candidato por bolsonaristas e amoedistas são “fogo amigo”. “Fogo amigo” são os ataques de Amoêdo a Bolsonaro ou de Haddad a Alckmin e vice-versa. O máximo que o ex-governador de São Paulo pode almejar é ser identificado como de centro, aliás, nicho que ele mesmo fez questão de ocupar, ao aliar-se ao amorfo centrão, que se estende do direitista DEM ao sindicalista Solidariedade. A coligação não dá liga, a não ser quando o assunto é fisiologismo.
Para completar, segundo a imprensa, Alckmin, em vídeo que, em caso de desespero e estado terminal, será veiculado em sua campanha, declarou voto em Lula, em 2002.
As informações contidas neste texto podem ser facilmente confirmadas em sites de pesquisa ou nos principais meios de comunicação.