Em entrevista concedida ao jornalista Augusto Nunes, ex-apresentador do programa Roda Viva na TV Cultura, João Amoêdo, candidato do partido NOVO à presidência da república, do alto dos seus mais de 400 milhões de patrimônio declarado (forte indício de que não nos roubará), avaliou as atuais candidaturas, no contínuo direita, centro e esquerda. De quebra, confrontou o PT com o PSDB. Vale conferir. Esclarecedor. O candidato utilizou linguagem coloquial, com respostas limitadas no tempo.
“Jornalista Augusto Nunes – “Se o partido NOVO não chegar ao segundo turno, vai apoiar alguém?”
João Amoêdo – “Olha, vendo o cenário de hoje, é muito difícil. Primeiro, a gente vai trabalhar para estar no segundo turno. Eu divido, assim, sem falar em nomes, falando nas ideias, nesse caso especificamente, a gente tem três grandes grupos, aí no processo politico: um grupo que quer trazer de volta ideias que não deram certo em nenhum lugar do mundo. Então, não basta ter só apenas boas intenções. Ideias que não funcionaram, já foram testadas em todo lugar, mesmo no Brasil nos levaram à recessão de dois anos, há uma tendência de trazer de volta. Isso é aquele grupo que acredita que o estado vai resolver a nossa vida e não a liberdade do cidadão. Então, esse grupo não dá para votar. A gente tem um grupo do meio que, na verdade, o famoso centrão, que nada mais é que a manutenção do status quo. É o que está fazendo todas as coligações, juntando todos os partidos, inclusive partido que era de oposição, juntando com aquele que foi a favor da Dilma, outros que foram contra. Então, é uma salada, onde o principal objetivo é ter tempo de televisão. Eu tenho muita dificuldade de imaginar que esse grupo chegará ao poder com liberdade e autonomia para fazer as mudanças que têm de ser feitas e não para fazer os acordos que estão sendo montados agora para ter os cinco minutos a mais de televisão. Então, fica a questão: não dá para votar nesse. E a gente tem o terceiro que é o mais extremado, que durante trinta anos não entregou nada…”
Jornalisa Augusto Nunes – “Pode dizer o nome! Pode dizer!”
João Amoêdo – “É, o dos trinta anos a gente sabe: é o Bolsonaro. Acho que ele não entregou nada. Eu não conheço, é deputado do meu estado, do Rio de Janeiro, nos últimos trinta anos não entregou nada. Independente dele ter se convertido ao liberalismo, porque eu até tinha feito uma proposta, já no ano passado, para ele, se ele se converteu mesmo, ele podia ter aproveitado esse mandato para ter feio pelo menos uma medida que mostrasse que ele de fato se converteu. Nem isso ele fez. Então, independente se ele vai seguir sempre o guru e vai ter um guru que vai resolver os problemas dele (isso, na verdade, na prática, não existe), eu não vejo capacidade, equilíbrio, capacidade de montar equipe, capacidade de liderança, capacidade de definir prioridades para fazer a gestão que o Brasil precisa. Então, aí tem uma falsa solução: muita gente está entendendo o seguinte: bom, essa será uma forma de derrotar o PT e por isso eu voto nessa pessoa. A derrota do PT não será feita nas urnas. A derrota do PT começará em 1º de janeiro de 2019, quando o novo gestor fará uma gestão diferente do governo petista. Se não fizer, a gente dará espaço para o PT voltar com mais força ainda, porque ele vai olhar e vai dizer: está vendo aquele liberal que vocês puseram lá, olha a salada e olha a bagunça que ele fez no nosso país. Então, a derrota vai ser feita lá. Então, tudo isso me leva a dizer o seguinte: está difícil fazer alguma recomendação para votar em alguém no segundo turno.”
Sobre o PT e o PSDB:
João Amoêdo – “Eu sempre votei anti-PT, né, e eu caia naquela história… eu sempre acreditei naquela história de que PT e PSDB eram oposições. Na verdade, eu depois descobri que eles não são opositores, eles são apenas concorrentes, né? Eles têm a mesma dinâmica. Então, em 2014, votei no Aécio, porque eu entendi que era a menos pior opção, que, aliás, tem sido o voto que tenho feito ao longo da minha vida, com exceção de 2016, que a gente teve candidatos do NOVO, foi sempre assim, como carioca, ainda pior, que foi sempre votar no menos pior. O problema é que, cada dia que passa, o menos pior está muito próximo do pior. Então, isso é que tem incomodado. Acho que é por isso que está levando 60% das pessoas para dizerem o seguinte: eu não quero votar em ninguém”. Então, acho que o desafio nosso é mostrar que tem que fazer a seleção e participar do processo.”