“Eleição é um jogo e convém não subestimar a habilidade das velhas raposas políticas de jogar.
É fácil que um candidato que conta com a antipatia da maior parte do eleitorado seja eleito… basta que ele tenha um oponente ainda mais desprezado.
O PT está jogando direitinho… e nós, que desprezamos lulistas e bolsonaristas, somos a massa de manobra.
PT, com todas as suas culpas e sua história, tem algo como 1/3 do eleitorado cativo. Bolsonaro, sendo Bolsonaro (já não existe adjetivo adequado), tem algo como 1/3 ou 1/4 do eleitorado cativo. Os dois juntos tem facilmente mais da metade do eleitorado.
Pensando no jogo, e na estratégia, cada lado está fazendo a melhor jogada possível: polarizam entre si, se retroalimentam e praticamente excluem quaisquer outros jogadores do tabuleiro.
Nós, que não somos de nenhuma das greis, estamos caindo no truque. Sempre que alguém “antecipa” sua jogada, dá de bandeja a vitória para o oponente. Ao dizer “voto até no Lula pra tirar o Bolsonaro” já se abriu mão de uma terceira opção. O PT enxerga claramemte que o caminho está aberto pra voltar ao poder.
Nossa estratégia agora deveria ser de desidratar lulistas e bolsonaristas; ridicularizar e aglutinar os radicais e focar no “eleitor mediano”, aquele que pode pender pra qualquer lado.
Se não fizermos isso, certamente nos transformaremos numa Argentina com seu peronismo. A diferença é que ficaremos alternando eternamente entre lulismo e bolsonarismo.”
Moacyr Catani Jr.