O preço que o Centrão cobrou do Supremo Tribunal Federal pela manutenção da prisão do Deputado Daniel Silveira foi salgado: o arquivamento pela Segunda Turma do STF de denúncia contra Arthur Lira e Deputados do Progressistas (PP). Votaram a favor do arquivamento a turma de sempre, ou seja, os Ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Kassio (Conká) Marques (o indicado por Bolsonaro) e contra, coerentes com suas posições de combate à corrupção, os Ministro Cármem Lúcia e Edson Fachin.
Resta saber se a anulação da quebra de sigilo bancário e fiscal do Senador Flávio Bolsonaro pela Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) também constava do pacote costurado entre o Legislativo e o Judiciário. Leve e lampeiro, Flávio acaba de comprar uma mansão em Brasília por R$ 6 milhões, financiados, a juros camaradas, por um banco público (BRB), cujo Presidente está cotado para assumir a direção do Banco do Brasil.
O STF não esperou sequer a poeira baixar para cumprir a sua parte no conchavo. Enquanto isso, Daniel Silveira, qual inocente útil, mofa na cadeia. Sua tosca diatribe contra o Supremo só serviu para livrar a cara de seus pares do PP. Mas sua parte no espólio está garantida: o Ministério Público já recomendou sua prisão domiciliar com tornozeleira e será, possivelmente, apenas admoestado pela Comissão de Ética. Fica, assim, tudo arrumadinho e joga-se uma pá de cal no incidente. Entre mortos e feridos, salvam-se todos.