Falsas Identidades

Falsas Identidades

A campanha eleitoral está repleta de falsas identidades. Gatos passando-se por lebre, lobos maus disfarçando-se de vovozinhas, mas quem melhor soube mascarar-se (literalmente) foi o Fernando Haddad. O petista, já como cabeça de chapa, continua a citar o Lula como injustiçado e perseguido político declarado por uma “ONU” inventada pelo PT e autenticada pelo Fachin. Na verdade, um comitê obscuro integrado por diletantes, órgão administrativo de um pacto para o qual ninguém, mas ninguém mesmo, dá a menor bola, a exemplo dos países que adotam a pena de morte e continuam a adotá-la, apesar das inúmeras recomendações condenatórias emanadas do referido colegiado.

O problema do Haddad é simples: como é que uma pessoa vai governar um país na qualidade de porta-voz ou factótum de outra? Não se trata de governar de acordo com uma ideologia, mas como se fosse o ideólogo. Imaginem o Lenin decidir que não só era marxista, mas era o próprio Marx. Nesse aspecto, Maduro foi mais sensato: deu continuidade à revolução bolivariana, mas apenas conversa com seu líder, quando Chávez, emplumado como um tucano, pousa na sua janela. Enfim, há outros casos de dupla personalidade na política, como é o caso, por exemplo, de Aécio Neves (Dr.Jekyll e Mr. Hyde), que, no entanto, não vale a pena serem aqui explorados.

De fato, é como se o candidato mediúnico clamasse: “Camaradas! Não votem em mim! É um equívoco! Eu sou um embuste, um cavalo de santo, um estelionatário! Eu NÃO sou o LULA!”. Haddad e a doce Manuela, que abriu mão de uma candidatura à presidência, perderam muito tempo, por um capricho do seu mentor, como vice e vice do vice fictícios e, ao serem finalmente ungidos como representantes de seus partidos, não apresentam propostas, programas ou plataformas de governo, mas a defesa intransigente de um réu condenado a 12 anos e 1 mês de prisão em segunda instância e uma vaga promessa de retorno a um “Brasil feliz de novo”, sem precisar em que consistiu a tal felicidade. Nessa infeliz psicografia, vale até invocar a falecida ex-primeira dama, D. Maria Leticia.

Esvai-se, assim, o futuro do jovem, brilhante e promissor acadêmico, ex-ministro da educação, ex-prefeito de São Paulo, que derrotou, nada mais, nada menos que o tarimbadíssimo tucano José Serra, em sua própria seara. É possível que seu destino seja idêntico ao da saudosa Beatriz Segall, cujo irretocável desempenho na novela “Vale Tudo”, identificou-a eternamente com a vilã Odete Roitman. Por outro lado, Haddad pode descolar-se do papel palingenésico que Lula lhe atribuiu e recomeçar a vida como o “Andrade”, como se tornou conhecido no nordeste, onde seu sobrenome é impronunciável. Quanto à Manuela, embora gaúcha, poderia tentar acoplar a seu prenome o “cravo e canela”, epíteto criado pelo seu ex-correligionário (desencantou-se do PC em 1995) Jorge Amado.

* As informações e dados contidos neste texto podem ser facilmente confirmados em sites de pesquisa e principais meios de comunicação.

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