O jornalista da GloboNews André Trigueiro, bem ao estilo do qual Miriam Leitão é a expressão máxima, tentou impor, durante entrevista ao vivo, uma narrativa ao infectologista Marcelo Burattini a favor das medidas de isolamento no combate ao coronavírus e contrária à opinião daqueles que priorizam a defesa da economia.
Resumidamente, o médico respondeu ser necessária uma sintonia fina entre as duas posturas e que o isolamento social e o “lock down” poderiam servir apenas para adiar o vértice da contaminação e causar perdas econômicas insustentáveis ao país. Vale a pena assistir à entrevista, exemplo de equilíbrio e honestidade profissional.
Insisto, conforme já publiquei neste blog, que as drásticas medidas acima mencionadas só se justificam enquanto permitem ao poder público preparar-se para fazer frente ao ápice da disseminação do vírus: aumento do número de profissionais de saúde, de leitos hospitalares, instalados até em estádios e hotéis, aumento da produção de álcool em gel, aquisição de máscaras, testes e aparelhos respiratórios, descoberta de um tratamento ou mesmo, Oxalá, de cura.
A partir do cruzamento das curvas de ascensão da infecção e da aptidão do governo para enfrentá-la com o máximo de eficácia possível, as medidas seriam contraproducentes, desnecessárias e, a de isolamento, aplicável somente a idosos e a pacientes mórbidos. Estou convencido, inclusive, que este foi o recado que Bolsonaro tentou transmitir em seu polêmico pronunciamento à nação. Não logrou fazê-lo, infelizmente, em virtude de óbvias falhas de comunicação.