Questão de Números

Considerando que o eleitorado brasileiro representa a substancial parcela de 147,3 milhões ou 70,37 % da população, é viável transpor o último levantamento da XP Investimentos/Ipespe (coincide com o da Datafolha, consideradas as margens de erro) sobre a popularidade do Bolsonaro para o universo de eleitores, a fim de chegarmos a um panorama, ainda que aproximado, das atuais tendências políticas do país.

Segunda a XP, que obviamente não é de esquerda, 28% dos entrevistados aprovam o governo Bolsonaro, o que, calculado sobre o total do eleitorado, significa 41,2 milhões de votantes. O Presidente perdeu, portanto, nestes 15 meses de governo, 16,4 milhões de votos dos seus 57,7 milhões, os quais fizeram, sim, a diferença nas eleições de 2018. Trata-se de um patrimônio que lhe foi entregue para que ele o cuidasse, consolidasse e aumentasse. 

Infelizmente, Bolsonaro não tem demonstrado reais intenções ou condições psíquicas de recuperar a popularidade, tendo em vista a continuada maneira errática de conduzir o governo. Alimenta diuturnamente confrontações e frentes de batalha com seu próprio ministério, com o partido pelo qual se elegeu e que foi por ele detonado, com o legislativo, o judiciário, com os governadores, a comunidade internacional e, o que é preocupante, desagradou 16,4 milhões de seus eleitores. 

Por outro lado, seus possíveis concorrentes no pleito de 2022, contam, independentemente dos que já estão na estrada há décadas, com a possibilidade de se estruturar fortemente nos próximos 42 meses. Este é o cenário que, a meu ver, deve nos preocupar e, sobretudo, aos que controlam a economia e as finanças do país, majoritariamente concentrados em São Paulo, contra o qual Bolsonaro abriu suas baterias (rebaixamento da nota de crédito do Estado, e.g.), temeroso da concorrência de Doria nas próximas eleições. 

A incapacidade do Presidente de manter seu eleitorado e de costurar e ampliar apoios pode, enfim, botar a perder a vitória alcançada sobre a pseudoesquerda* em 2018. Urge traçar um rumo para 16,4 milhões de eleitores que tendem a se multiplicar. Um querido amigo bolsonarista sugeriu que se atirassem da Ponte Rio-Niterói. Pouco provável, até porque a maioria se concentra no rincão do Doria e não do Witzel. Votarão em 2022, caso o coronavírus não os extinga antes. 

* O líder máximo da “esquerda” brasileira, o presidiário Lula da Silva, envolveu-se com e beneficiou os maiores capitalistas do país. Se isto é esquerda, comunismo, socialismo, corporativismo ou seja lá o que for, Marx e Engels devem estar de contorcendo nas respectivas tumbas.

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