O G1, o portal de notícias da Globo, publicou que o “Brasil enviou aos EUA a sugestão do nome de Eduardo Bolsonaro como embaixador” e atribuiu a notícia ao chanceler brasileiro. Acredito que houve erro de interpretação por parte do referido órgão de imprensa, pois países não “sugerem” nomes para embaixador. O primeiro passo para a nomeação de um representante diplomático chama-se agrément (concordância) e não se trata de uma sugestão. Trata-se de uma consulta formal de um governo a outro, a fim de auscultar se o país receptor está disposto a acolher como persona grata o nome a ser credenciado como embaixador extraordinário e plenipotenciário.
Se bem me lembro – e lá se vão mais de 10 anos de estar aposentado –, o processo brasileiro de acreditação inicia-se ou se iniciava da seguinte maneira: o Itamaraty envia um telegrama confidencial ao embaixador ou encarregado de negócios no posto, instruindo-o a solicitar agrément para fulano de tal, cujo curriculum acompanha a mensagem. O destinatário pede, então, audiência ao chanceler local, a fim de apresentar, por nota oficial, o nome de seu substituto ou novo chefe, entrega o curriculum do candidato e, se o conhece, o que sói acontecer em se tratando de diplomatas de carreira, acrescenta um ou outro dado pessoal. A confidencialidade é necessária, a fim de resguardar ambos os países de qualquer incômodo, caso o nome seja recusado. Se mudou, mudou para pior.
O governo consultado pode, ainda, demorar a dar uma resposta, caso não aceite a indicação, mas não queira afrontar o proponente que, após um período razoável, deve intuir a negativa e apresentar novo nome. Obviamente, a confidencialidade é difícil de ser mantida, em se tratando de figuras públicas, tais como ex-presidentes da república, ex-ministros de estado, políticos, empresários peso-pesado ou, o que é mais raro,… filhos de presidentes da república. Nas hipóteses, é importante que o país consulente tenha uma certa garantia de que o nome será acolhido, pois uma rejeição pode ter consequências internas desagradáveis.