As Gravações Comprometedoras

A gravação da conversa na qual o pastor Milton Ribeiro diz à filha que o “Presidente” (possivelmente o da Ucrânia) lhe telefonou, a fim de manifestar seu “pressentimento” de que a PF faria buscas e apreensões, lembra a conversa com Michel Temer, gravada por Joesley Batista, na qual o proprietário da J&F declara estar “de bem com o Eduardo” e o ex-Presidente responde “tem que manter isso, viu…”, o que foi interpretado como incentivo à manutenção de pagamento de propina ao presidiário Eduardo Cunha, ex-Presidente da Câmara de Deputados, que guardava segredos constrangedores.
Uma das diferenças óbvias entre as gravações é que a da conversa do Milton Ribeiro foi autorizada pela Justiça, enquanto a segunda foi feita, às escondidas, pelo interlocutor de Michel Temer. A primeira gravação revela, ainda, que Milton Ribeiro, mesmo após deixar o Ministério, possui meio de comunicação criptografado, cuja existência fica patente, quando a filha lhe diz que está ligando de um celular normal e o ex-Ministro apressa-se em interromper a chamada: “Ah, é? Ah…então depois a gente se fala então! Tá?”. A respeito, compreende-se que autoridades que lidam com segurança nacional possuam aparelhos telefônicos criptografados, mas o que justificaria tal cuidado com um Ministro da Educação defenestrado?
Entrementes, o pastor Arilton Moura (o do complexo de Midas), apavorado, em contato com sua advogada, logo após sua prisão no Pará, declarou que “se der qualquer problema com a minha menininha, eu vou destruir todo mundo”. O Brasil inteiro gostaria de saber quem é a “menininha” (não é a do Gantois) do pastor (esposa, filha?), que, se desse qualquer problema, levaria o pastor a optar por uma delação premiada. Caberá, enfim, à Ministra Cármen Lúcia, a quem o processo foi remetido, uma vez que haveria autoridade com foro privilegiado envolvida, desvendar ou não tais mistérios. É provável, no entanto, que a matéria seja empurrada com a barriga para depois do resultado da eleição, quando o candidato do PL deveria, para seu próprio bem, cumprir a promessa de “saio do Brasil”, caso o petista ganhe no primeiro turno. E no segundo também.

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