Comentários

Alguns comentários aos textos que publico encerram ataques ácidos e desrespeitosos. São pessoas que, na falta de argumentos, partem para o insulto, ao verificar que suas posturas, que não encontram respaldo na sensatez e na realidade, são contrariadas. Como todos sabem, publico alguns textos em rede social, onde o fenômeno ocorre menos, seja porque a publicação circula entre amigos que comungam das minhas ideias ou sabem delas divergir com propriedade e elegância, seja porque golpes abaixo da cintura são censurados pela plataforma.

Apesar de arquivá-los cuidadosamente, por uma questão de segurança, tenho, felizmente, como evitar a publicação dos vitupérios, uma vez que este blog me permite selecionar os comentários que desejo divulgar. Contudo, via de regra, não os divulgo, mesmo os que merecem ser divulgados, a fim de não tumultuar a página. Mas respondo invariavelmente os que valem a pena ser respondidos. Em geral, são avaliações, concordâncias, contribuições, discordâncias, dúvidas, sugestões etc. que enriquecem o texto. Tenho repensado e reescrito alguns com base em comentários que julgo pertinentes.

Não são, no entanto, os xingamentos que me incomodam, mas as longas diatribes de bolsonaristas. Disfarçam-se de livres-pensadores, ou por vergonha de se declararem abertamente apoiadores de um Presidente cujas intervenções na vida nacional são cada vez mais indefensáveis ou por receio de ataques que se intensificaram após a elegibilidade do Lula. Tentam justificar o “mito” através de verdadeiras acrobacias mentais, sem qualquer compromisso com os fatos, a verdade e a imparcialidade. Eis a matriz das fake news, responsáveis até por falsa capa do “The New York Times”, onde se noticia que o “Brazil FROM Bolsonaro” “WHANTS to be free”!

Há pouco, publiquei texto sobre o negacionismo. Ao final, confrontei o conceito de negacionismo com as atitudes assumidas por Bolsonaro, no que diz respeito à pandemia e à preservação do meio ambiente. Foi o bastante para que um leitor arguísse que Bolsonaro não é um negacionista, uma vez que, ao ser contra o afastamento social e o lockdown, medidas de combate ao vírus, ele admite a existência do próprio vírus. Creio que o brilhante comentarista, portador de desonestidade intelectual congênita, desconhece o que seja falácia. Não se trata mais de malabarismo, mas de contorcionismo mental.

A fase bolsonarista de negar o vírus encerrou-se com a comparação dos efeitos da infecção a uma “gripezinha”. Foi confrontada por milhares de mortes. Em seguida, seu negacionismo estendeu-se à única profilaxia eficaz de combate ao vírus, ou seja, à vacina. A fase foi determinante, no sentido de retardar a compra dos imunizantes. Concentrou-se, finalmente, no combate feroz ao distanciamento social e ao lockdown, em confronto oportunista e eleitoreiro com gestores estaduais e municipais. É a fase que mais aproxima Bolsonaro daquele Prefeito de balneário do filme “Jaws” (1975), mencionado no texto acima referido, que, a fim de preservar a economia da cidade, se recusa a fechar a praia, enquanto um baita tubarão branco devora os banhistas.

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